quinta-feira, 29 de maio de 2008

Ermo Teatral

Um simples conceito de dicionário:

Teatro, s.m. casa onde se representam comédias, etc.; arte de representar; literatura gramática.

(Dicionário de Língua Portuguesa – Porto Editora, edição 2005)

Depois do espanto veio um pouco de compreensão. Afinal, o que é o teatro?

Visto não ser preciso muito tempo nem muitas reflexões para elaborar uma “tese” fantástica que refute a ideia original, não me alongarei muito. O barroco está morto e enterrado, assim como Agripa, esse morador do século XVIII, trovador de cantigas de escárnio e maldizer, não aceite pela contemporaneidade saramagueana.

Como dizia, este conceito de teatro provocou-me. O que significa, afinal, um etc.? Não será um pouco incompreensível definir um teatro como uma comédia e mais alguns “tipos”? Mesmo os ilustres gregos da Antiguidade já conheciam pelo menos outro tipo de teatro para além da comédia!

É sempre bom chegar a uma familiar biblioteca e depararmo-nos com boas revistas, livros e jornais, mas também, se possível, um lote de boas exposições, anúncios de concursos…afinal uma biblioteca é, necessariamente, um local de aconchego onde fomentamos o nosso saber e imaginação!

Portanto, é com agrado que constato que os coordenadores das duas bibliotecas que mais frequento têm o bom senso de organizar nestes espaços algumas exposições com valor. Primeiro, no início deste ano de 2008, encontrei a exposição “O que é o Teatro?” no hall de entrada da Biblioteca Municipal de Barcelos. Posteriormente, dei de caras com essa mesma exposição na biblioteca da Escola Secundária de Barcelinhos.

Não foram muitas as peças de teatro a que assisti, mas conhecendo um pouco da história do teatro, e tendo visitado a exposição acima referida, consigo organizar ideias suficientes para não concordar plenamente com a definição de teatro, tanto o edifício como a arte em si, como uma “literatura dramática”, uma “arte de representar” ou uma “casa onde se faz rir” (já ouviram falar de teatro de rua?), etc.. Luís de Sttau Monteiro teria para nos dar, certamente, uma proveitosa lição, mais ou menos actual do que se trata, afinal, o Teatro. Uma liçãozinha de Gil Vicente poderia ser, até, muito mais contemporânea do que a própria contemporaneidade.

Convido, então, cada um de vocês a visitar a exposição “O que é o Teatro?” e construir a sua própria tese sobre o que aqui escrevo. Informo também os interessados, que este mês HÁ TEATRO em Barcelos. Para uma maior pormenorização basta consultar os recentes conselhos d´O POLEIRO ou a Agenda Cultural de Barcelos de Maio/Junho de 2008. Talvez daqui a uns tempos os barcelenses possam também falar sobre o que é teatro (edifício).

Quanto à infeliz definição de Teatro, já agora, como será que se diz, ou define, TEATRO em brasileiro? Tenho uma suave impressão de que o saberemos brevemente, nobre português…

Jorge Marques

1 comentário:

óbvio disse...

Viva o Teatro. Seremos todos actores? Que palco é este, afinal? Bom, bom era podermos ser nós a escolher o nosso personagem, alheados de preconceitos e estereótipos sociais! Para quem estamos a representar?
Grande Jorge, a insatisfação é o caminho certo... o básico é medíocre.