quinta-feira, 13 de março de 2008

Os Galos Aconselham

Nesta semana os Galos aconselham:

Cinema:
8 1\2 (1963), Federico Fellini

Literatura:
O Triunfo dos Porcos (1945), George Orwell

Arte:
Gonçalves Torres, Exposição de Pintura
(Biblioteca Municipal de Barcelos) 21 Fev. a 30 Março

Música:
Highway 61 Revisited (1965)
Bob Dylan

















Idiotices Superiores

Entraste na sala e disseste que não estavas a perceber. Não havia muito que perceber, mas tu necessitas perceber. Uma série de TV; um livro fechado: Cultura ocidental. Tua beleza é estonteante, embora eu não a veja. Há quem a veja. Eu não a vejo. Há quem mais não a veja. Embora haja quem a volte a ver.
A cultura é especulativa. Há quem tenha visto cinema, há quem tenha lido revistas periódicas. Há aqueles que não percebem nada do nada. Porém, a arte não tem nada que perceber. Há os que lêem jornais sem os abrir. Tu não fazes parte de nenhum dos grupos. Tu és o grupo. Não me apetece muito falar do que penso sobre ti… Desaparece-me da frente!
Não me livro de ti: ó Praga! Verdadeiramente falando, eu nem sei quem raio tu és. Imagino que sejas delírio do meu subconsciente. Não estou sequer interessada em saber quem és. Tu não és. Porcaria de pseudo intelectuais. Nascem num mundo que é deles e transformam-no em alternative para estarem in.
Lápis Azul!
Os tais, heterónimos de zebras sem riscas; camelos sem bossas; eunucos sem castração. Anormais por normalidade. Que mundo este de energúmenos inteligentes. Consciência social e política subjacente à doçura da idiotice. Filas e filas de zero e números outros cheios de nada.
Escrevo agora, com febre e sono, e de minha aparente loucura desejo a morte aos mortificadores do cérebro. Telefono ao caixote do lixo e peço-lhe boas novas: de lá vem um catálogo de revistas cor-de-rosa. Não me despeço, porque quem escreveu este texto não fui eu: enviaram-me um mail...


Isabel Arantes

Última Hora

Abram as cortinas, barcelenses! Finalmente foram lançadas notícias fresquinhas (não tivesse a Primavera chegado mais cedo!) do maior interesse para todos nós!
Acalmem vossos corações esperançosos porque nem tudo são más notícias. É com profundo orgulho que divulgo aqui, em primeira mão, que Barcelos foi, ao longo de todos estes séculos de História, injustamente situado nos mapas como sendo uma cidade do Minho de Portugal! Barcelos é sim localizado mais a Sul do país, mais propriamente na Margem Sul de Lisboa, algures nos arredores de Alcochete! Está assim provado o porquê da célebre frase de Mário Lino, consagrado Ministro das Obras Públicas nomeado pelo Dr. (engenheiro?) (arquitecto?) José Sócrates, que afirmou que “a Margem Sul é um deserto!”.
O POLEIRO sabe que nos próximos dias todo o Ministério, assim como a representante da Comissão “Mapas de Portugal”, a Dra. Maria de Lurdes Jesus, se deslocarão ao bar “Zé da Esquina”, o ponto de encontro predilecto dos principais intelectuais barcelenses (dos jovens aos mais velhos, todos elogiam “as bifanas à D. Sebastião e as minis do Zé”), assim como do próprio Dr. Fernando Reis, Sr. Presidente do Município de Barcelos. Esta reunião tem como objectivo a realização de uma conferência de imprensa (exclusividade de direitos televisivos atribuída à TVI) onde os mais altos representantes do Governo português pedirão, publicamente, desculpas a todos os barcelenses pela contínua insistência nesta gralha na colocação geográfica de Barcelos aquando das elaborações dos Mapas de Portugal, ao longo de todos estes séculos de existência do país. Diz fonte próxima do Governo que esta gralha foi “implementada por D. Afonso Henriques, que confundiu a cidade de Barcelos, na Margem Sul, com um imenso vale à beira-rio, onde havia combatido anos antes, esse sim, no Minho”.
È também de salientar um grande evento que terá início logo que terminada a tal conferência. Está já confirmada a presença de Luciana Abreu, a famosa Floribella, Ana Malhoa e o grande mestre da concertina de Barcelos, o próprio Zé (da Esquina)!!! Este revela-se assim o maior evento cultural realizado em Barcelos no último século e meio, aquando do concerto de José Cid, então trintão. “Um concerto memorável!”, exclama com ar sonhador a Dona Aurora; “foi nesse concerto que o António se declarou a mim enquanto o Cid cantava: ‘como um macaco gosta de bananas, eu gosto de ti (…)’”, continuou. Perante este enorme concerto a ser realizado em Barcelos, em data ainda desconhecida, O POLEIRO encarregar-se-á não só de publicitar tal evento cultural, como também estará na primeira fila a aplaudir os artistas.
Outras importantes notícias do concelho de Barcelos são o novo adiamento do “Lançamento da Primeira Pedra” do Teatro Municipal Gil Vicente, desta vez com o argumento de que “não estavam garantidos os serviços mínimos de segurança para a população que desejasse presenciar o evento, uma vez que não haviam guarda-chuvas suficientes para proteger toda a gente de uma boa pedrada na cabeça”, informa um funcionário público que observava a beleza dos dejectos que as aves barcelenses largam diariamente nos parapeitos dos edifícios da consagrada “Rua Direita”, em Barcelos.
Destaque também para o Prémio Honorário atribuído pelos Amigos do Cávado ao Município de Barcelos, pelos serviços prestados na eliminação dos mais variados tipos de “parasitas” existentes no rio Cávado, através do envio de substâncias altamente benéficas e odoríferas para este rio. Este cenário delicioso pode ser observado nas margens do rio Cávado, sobre o qual se estende a tão afamada cidade que tem como principal referência o facto de o “seu” Feriado Municipal acontecer no mesmo dia em que Maddie desapareceu.


Voltarei,

Agripa

The Glockenwise


Os bairros mortos, as ruas apagadas, o preto que se apaga e um silêncio que se multiplica. É a fotografia que já não se consegue em Barcelos. O ruído cresce, a curiosidade aproxima-se e aglutina um amontoado de notas amplificadas que nos fazem lembrar que os tempos de revolta de uma juventude já passaram mas ainda vivemos para fazer mais, nós e aqueles que incomodámos.
Não são completamente inovadores, mas as atitudes que marcam e defendem espíritos livres libertam e gritam todas as hipocrisias, vive a verdade sem matar a espontaneidade pura.
Muitos dizem que o “Rock Rola em Barcelos” e que se faz com uma entrega que tem que ser premiada pelo reconhecimento. Que bom que existe tanta qualidade e tanto a dizer fora do nosso quintal, mas não teremos já algo suficientemente digno de ser procurado? Não peço para fecharem as fronteiras, apenas olhar de forma centrípeta antes de apregoar o mundo perdido.
Barcelos tem uma hipótese, primeiro esquecem tudo o que escrevi, as introduções e apreciações nunca serão as mais adequadas. Agora descubram:

http://www.myspace.com/theglockenwise
Alberto Peixoto