terça-feira, 20 de maio de 2008

Onde a cidade começa e a Linha acaba

“Então, ficamos?”, questiona. Não sei, não sei. Um primeiro olhar e reparo que talvez valha a pena ficar.
Um risco oblíquo aqui, outro risco colorido acolá, deixando-nos pensando onde começa e onde acaba este risco, ou será que é um caminho que nos faz querer seguir…Não é apenas um pintor, mas de certeza um retratista que valoriza Leninegrado e outras cidades que desconheço.
Não sei o que pensar ou o que sentir, olho e não vejo, se vejo não sinto.
É óbvio que é tinta sobre tela, mas não sei se é aquilo a que chamo pintura sobre uma tela que será visível perante uma multidão.
Continuo sem sentir, talvez seja defeito meu, ou será que é feitio?
Não interessa o meu existir, pois todos estão concentrados tentando perceber o que aquela tela significa.
Saio fora da Galeria Municipal de Arte…de Barcelos e reparo que a cidade afinal existe. Nos meus sonhos. Ups! Olho em volta e a cidade é um stress tipicamente citadino, pessoas passam de um lado para outro falando ao telemóvel. Com a família? Nah! Família, essa palavra existe. Mas qual o seu significado? Agora são apenas duas ou três pessoas que se juntam à mesa a jantar e olham para a televisão em busca de viver uma vida que não a sua.
Há duas ruas ali ao lado que possuem um cheiro imperceptível. Vão de encontro à Câmara Municipal. Uma não foi esquecida, anda em obras. Devem pensar que alguém passará por lá. Outra, essa, esquecida foi; pelas obras poderá um dia ser lembrada.
“Nada que me impressione”, responde-me, em tom cansado, uma velha da sua varanda.


Catarina Cachada

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